Comigo Mesma #2







Arde-me o desejo de ser mais do que suficiente, mais do que normal, mais do que figurar um espectro das mesmas banalidades enredadas na despersonalização da construção.
Quebra-me a ideia da anormalidade residente na mais profunda naturalidade, de ser quem sou, e de me vestir á medida do meu tamanho.
Mas da mesma forma que me quebra é na mesma diferença que regenero a força e o poder , que vezes de menos, levo a sério, em crer.
Sei que tenho sede do inesgotável, que não bebo nada, dissecando lentamente até a fonte do imaginável me aparecer, e algures, vai surgindo nos limites das minhas capacidades.
Não arredo um pé para operar uma tarefa simples, limpa e quotidiana mas corro milhas, desbravo savanas, alimento-me de fôlego e esperanças para atravessar a luz final do arco-íris.
Rejubilo com a ideia de um Natal encantado, o fantasma invisível espectado ao meu lado, a sobrenaturalidade mágica da noite prenunciada no sopro de uma vela subitamente apagada...
Exaspera-me a dificuldade de ser menos, de reduzir os níveis de adrenalina que a extrema sensibilidade me dá, que os píncaros das oitavas superiores da consciência revelam sem outra forma de compactuares, do que  senão materializando-as.
Eu escrevo e nada entendo, mas é o amor que ponho nas letras que me faz ir vivendo.
Independente do que o mundo me diz, calço os sapatos solitários da universalidade e da matriz e vou...seguindo o caminho do propósito, sem fazer a mínima ideia de qual é, porque se soubesses nunca com apoteótica dimensão da sua verdade, permaneceria de pé.
E porque acredito que as questões levantadas são supremas na arquitectura de todo o esquema
Continuo andar e lentamente re-aprender amar o corpo desassossegado, onde os passos têm que se dar.

Serei sempre fragmentada, em busca  Do quem Sou e De onde Venho ?, Porque Aqui Estou e Para onde Vou ?, e nada me faz sentir mais em paz do que a continuidade incansável de procurar, o que talvez nunca encontre.


Sarah Moustafa



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