Diário dos Arruinados- XVI
O reflexo dos olhos que ainda jazem nos meus, procurando, encontrando-me nessa desmedida busca de sinergia completa na repartição mais do que incompleta.
Fugimos dela. Fugimos e não sabemos para onde fomos.
Não sabemos de onde nos evadimos, onde quebramos a corda e de que lado pendia a maior culpa, e agora não importa. De culpa e arrependimento nos vale tudo menos a chance.
A chance de regresso a casa, de um caminho que se faça devido a esse regresso.
Somos moribundos de identidade conferindo apenas significado numa extensão que em mim começa e só em ti pode acabar.
E não sei se acaba, não sei se saberei dizer que amo só por seres tu, amo porque somos os dois.
Somos o encaixe do vazio mutuo que nos corrompe, somos danificados na exacta medida do mesmo reparo, somos os passos da mesma estrada , aquela por onde partimos e que por onde apenas e só nos iludimos.
Conhecer-te foi conhecer-me, Tocar-te foi amar-me, Dar-te foi Perdoar-me.
E todo o conforto do mundo é vão, caduco da fertilidade e possibilidade que o Eu em Nós pode ter.
Por isso corro, volto atrás, os olhos teus que me seguram a chance, a respiração tua que me sopra o ar em continuidade de ti a mim.
E corro, corro num desenfreio de força que me dás, da energia que apenas um alimento maior que toda esta vida me podia dar.
Seguro-nos apenas mais um pouco, pois corro ,corro tudo e mais ao quanto tenho, corremos de volta um ao outro, corremos de volta a nós mesmos.
Sarah Moustafa
"Somos o encaixe do vazio mutuo que nos corrompe, somos danificados na exacta medida do mesmo reparo, somos os passos da mesma estrada , aquela por onde partimos e que por onde apenas e só nos iludimos." - Adorei este excerto!
ResponderEliminarBeijo, Sarah!
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