Diário dos Arruinados - XV
Gosto de lapidar os diamantes embrutecidos.
Gosto de aperfeiçoar, o que a campainha interior, me desperta a fazer.
Não como uma reparação num brinquedo estragado mas como uma elevação da beleza que no estrago vejo.
Não sou critica em maldade, bem pelo oposto, a alma bem o sabe que o quando o faço, o que destila é vontade, sim uma frenética compulsiva vontade de fazer melhor!
Se há uma mancha, ali todos os dias a repugnar com a sua invasão, porque não devemos fazer de tudo e mais além ao nosso alcance por a exterminar?
Devemo-nos resignar com o que nos é dado de bom ou mal?
Ou exactamente tentar supera-lo nas catarses de momentos que nos preparam?
Não é bom estar preparado? Informado?
Ser útil em quase qualquer função viva que possa existir?
Porque eu estou viva, e só de mim me faço vivida quando sou útil.
Quando ajudo, quando vejo a pata do rouxinol curada, quando o vejo de novo na máxima capacidade que sei que ao seu propósito emprega.
Quando disponho os pratos na mesa, até ai no banal do quotidiano básico me sinto feliz por o fazer.
Não sei ser exagerada, não sei ter arroubos de coragem insana , não sei não ter as inseguranças que me seguram, mas sei um segredo.
Um único tremendo segredo.
Se não houvesse quem depurasse, quem separasse o trigo do joio, quem cuidasse do manejo das tarefas que a todos suportam como básicas e adquiridas como viveríamos?
Posso viver rodeada de caos mas organizo-me nele, não o posso fazer desvanecer numa estratosfera longínqua, que a ousadia por minha conta permitiria mas posso e devo mante-lo na forma mais positiva que a alquimia nos revela.
Sou eu a alquimista, sou eu que seguro, discrimino e produzo o melhor do pior que possa haver.
E digam-me o que fariam sem alguém que comportasse de bom grado a servidão de se servir de si mesmo?
O que fariam do sentido de um diamante sem o brilho que lhe notar?
Sarah Moustafa
E todos nós possuímos um diamante bruto a espera de lapidações...
ResponderEliminarOs diários são reveladores...
Beijinhos, menina!!