Rainha




Quero ser Rainha da vida assombrosa, quero num desespero ardente, da ambição desmesurada, quero na ânsia sôfrega, de assim suceder.
Quero segurar a caneta encantada, a caneta cravejada na sumptuosidade de milhares de diamantes,  dispostos á minha vontade, á minha tirania benevolente, de querer escrever a exclusividade da narrativa.
Desejo o trono. Desejo o trono do triunfo sobre as condicionantes, o desenlace perfeito da monumentalidade, requerente, da majestade senhoria dos sonhos, senhoria da solenidade de ser quem é, de deixar a marca nas paginas da historia secular, do romanesco fabuloso, das maravilhas do tesouro, espelhado no sorriso que desabrocha na certeza de tudo ser. De tudo conquistar.
Vontade infatigável de dançar no Baile Dourado, no fulgor do sucesso, da provação ao martírio,  ao transe sucessivo das vidas laicas, que assim são, por opção. Que assim são pelo comodismo da situação, pela incapacidade de verter o sangue, de derramar a imensidão de água do corpo, em busca do ideal, cujo peão revolve sempre á volta da cobardia da Assunção do Ser.
Galopo no cavalo do Reino que construí, galopo na velocidade de atingir a plenitude, galgo ao fim do horizonte pelo ideal, motor das engrenagens do corpo que se liberta, que se transforma, irredutível em permanecer imóvel , o corpo que quer ser Rainha, Rainha curvada ao esplendor da beleza que a rodeia.
A Rainha que sonha, que batalha até ao fim, para a finalidade da sua existência.
A reverencia sublime de beber do seu conto de fadas.
De perdurar na imortalidade das palavras poéticas, que profere no brado da grandiosidade da bravura.

Sarah Moustafa

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