Aquilo que Nunca Saberei




Nunca saberei não amar, pois encontro-me incontestavelmente apaixonada, pelo tudo e por todos, desde que nasci. Desde que os olhos viram pela primeira vez o redor grandioso que os rodeia, desde aí e até ao fim, eles caíram rendidos ao esplendor da descoberta, á intensidade da emoção e á fome do saber.
Nunca saberei não estar insatisfeita pois a satisfação dissipa se, tal vapor quente, que me escalda a alma e amaina os ventos intempestivos na mente irrequieta. Até a formula , que julgo extinta, do vapor se condensar e se aninhar em mim, continuarei ávida no dissabor da insatisfação crónica.
Nunca saberei como vestir a armadura protectora, pois o meu corpo rejeita-a na sensibilidade de que foi feito, anti-natura seria envolver a pele no metal frio e implacável, onde o toque de ninguém alcançaria, quando as sedas e os cetins me desejam abraçar na delicadeza das formas e das caricias possíveis, ainda que o risco comporte o tamanho da dor, escolho sempre, no arrojo da coragem, sentir tudo a nada sentir.
Nunca saberei tudo o que o tamanho do meu apetite demanda saber, e por tal certeza, entristeço o semblante, na inquietude das respostas perdidas ao acesso da chegada, mas interrogo-me se será as respostas que verdadeiramente alimentariam o tamanho da escassez ou se esta apetência colossal brota dos pontos de interrogação, colocados em todas as palavras soltas pela língua interrogadora que interroga em todas as interrogações.
Na verdade ou na mentira, Nunca saberei não ser o que sou.
E o que sou ?

Sarah Moustafa




Comentários

  1. Sarah, certamente são as interrogações que nos incomodam. Se nunca saberei não ser o que sou, fico tranquilo porque descobri que sou o que sou.
    Beijos
    Manoel

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Sarah, nunca saberemos tantas coisas... Só podemos saber o que somos a um determinado momento, pois acredito que evoluímos sempre. Acreditar que somos imóveis no que somos é uma ilusão. Mas esta é só a minha opinião.
    Como sempre, gosto imenso dos seus textos.

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  4. Dulce e Manoel Obrigado pelos vossos preciosos comentários!
    Bjs

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