Declaração II




Não existem razões no mundo que cheguem em suficiência, para comportar o tamanho, de como errado tu és para mim.
És um erro terrível, tremendo estupidamente irresistível dentro do próprio horror que me causas.
Tenho medo.
Tenho tanta certeza de todas as incertezas que neste corpo podem caber.
Tenho todos os motivos que ultrapassam qualquer contabilidade possível e numérica que me o mostra e não tenho um sequer algarismo que me defenda na sua precária posição.
És inteiramente errado para mim. Ponto.
Não és a pessoa certa.
Parágrafo.
E de todas as péssimas decisões que já tomei nesta vida, esta vai provar ser a pior delas.
Mas eu não lamento.
Não lamento que os nossos caminhos se tenham cruzado.
Não lamento que na morte dos meus dias tu foste a fonte de vida em que me embriaguei.
Não lamento uma reticência da exclamação peremptória em que me afirmei.
Não peço desculpas às previsões que neguei e ás cartas que não joguei.
Não peço desculpas porque me apaixonei.
Ponto.
E continuam a não haver razões plausíveis, merecedoras de uma sequer síntese de toda antítese posta na mesma história.
E continuam a não haver motivos compreensíveis, dignos e desculpáveis a um amor tão errado como este. 
Ponto.
Por ser tão certo.
Final.




Sarah Moustafa

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