Obsessão
Não se explica.
Não se complica mais do que já é.
Já basta esta sensação espartilhada, que consome o oxigénio, a cada batida que falta e está a mais, no intervalo de uma arritmia, que de quase tão mortal que é, é tão eficaz á vida estendida no seu rastilho.
Não sei se devo somar ou subtrair dividendos da euforia e quota parte de histeria, a essa turbina de sensações impenetráveis, de tanto, que penetram.
Fundo.
Convalesce á simples aragem de um olhar cruzado que se despem bem antes de se quererem nus.
" Ok isto passa."
O pior é que não passa.
Fica.
Assombra.
Arromba.
Amplia-se o desejo que só o prolongamento devido consegue provocar.
Quando se entranha a inquietação ávida, frenesim quente tão quente, que nos escalda a ideia ao próprio ideal, não há volta a dar.
Consome.
Pulsa por Fome.
Agrava a já grave, bem grave, situação.
A malícia e perícia da propria é essa, precisamente.
Ser o que é, sem ter que o ser.
Sem ter como não o ser.
É assim que nos deita, bem deitados na sua cama.
Entre o vai e o já foi, daqueles que tão bem engana.
A cama é o inicio, o portal a muitos outros espaços, altares devotos, máculas da sua chama.
Faz da sordidez e vulgaridade de expressão a mais invulgar, insólita, exótica língua que nos abre e proclama.
Entre o embate no chão, a escada, o carro e o acidente de contra-mão, a mesa e a parede indigitadas no fundo do mesmo, a mesma perturbação.
O vicio que nos tira e dá vida aos poucos.
Mas quem diz , por pior resultado que venha a ter, que não ousa perder anos de vida , bem ganhos, por uns minutos de estouro na sua mão?
Sarah Moustafa
as obsessãoe podem tomar-nos e serem doentias...podem... se assim o permitirmos.
ResponderEliminarUm poderoso testemunho de luta interna!
Beijo
Aplausos menina, que texto delicioso e excitante! Pois essa obssessão, na medida, que devora, que nos devasta e consome deixa a vida mais excitante. Bjus meu.
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