O Romance - Vénus em Peixes





De Doçura Encantadora te banharam na aurora da manhã, no dia em que te libertaram do ninho e abriste os olhos assustada, arregalada com a indelicadeza do gesto, tal ficou evidente.
Uma princesa, no verdadeiro termo da palavra, desajustada ás inovações de um mundo actual que se lhe assemelha difícil compreender.
Uma romântica idílica, uma tonta que procura o amor, literal, sobre todas as formas.
Encanta-se com a textura do tecido que a cobre, com a simetria das feições, com o odor das paginas de um livro antigo , com o verdejante jardim que a rodeia, com a delicadeza da rosa que mesmo murcha nunca deixa de ser bela....O encanto dos seus olhos não é feitiço que possa ser resolvido, retirado ou melhorado, é   a forma única, particular de suportar um mundo que não compreende e como tal abençoa-nos com uma paz de alma ...quase aterradora. Hipnotizante... Ou não fosse o mestre dos véus seu Pai.
O sonho comanda mesmo a vida de uma eterna apaixonada, longe das redes carnais ou volúpias, pois o seu amor é a dissolução dela e dos outros no universo.
A utopia das relaçoes impossíveis mas ainda assim tão fantásticas, aquelas que nos comovem e que mesmo passado milhares de anos se continuam a propagar de geração em geração...
O amor impossível no plano físico mas para sempre perpetuado na eternidade.
Ela espera  o tempo que for necessário, sempre paciente, sempre carinhosa, pela chegada de um príncipe que muitas vezes tarda, que muitas vezes não existe, ainda assim, ela aguarda fiel pouco se importando com as horas, com as condições e o meio envolvente que tentam restringi-la na procura vital de um grande amor.
De um grande propósito.
Um completo Virginiano trejeitaria ironicamente, descrente da possibilidade de existir alguém assim tão tolo... mas quando a conhecesse....a tolice certamente se transformaria na maior das admirações e quem sabe...não seria ele mesmo o Príncipe que esta Venus aguardava desde sempre e para sempre.



Sarah Moustafa

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