( . . . )


O acaso ou o particular ,
O momento certo,
O flutuar de uma mera coincidência
O imutável peso de uma sentença,
O levanta-te
porque de certo tropeçarás ,
A estrada a direito,
De encontro ás ondulantes curvas perigosas,
O acidente de que não te queres culpar,
Porque faz parte, acontece...
O deixa o Sol entrar
Porque a noite é certa ,
Tão intimamente tua,
terás de contigo a levar.
A memória que se desenlaça
E aperta nó
No futuro que se constrói
E a ponte que terás de atravessar,
O reflexo fosco de um espelho
que devolve a imagem
Mas terás de a negar .
O amor que se cospe
No chão sagrado
Onde joelhos feridos continuam a rastejar,
Tentando um Deus diferente
Cada dia, descobrindo uma nova forma de orar
Que bíblia me purga da culpa ,
De fertilizar sonhos que acabarão por me matar ?
O caixão sem um corpo pelo qual chorar.
Um ventre vazio
sem uma nova vida , uma semente que possa brotar ,
O relógio que avança sem horas
O medo que aprisiona
A paixão que cega
A raiva que controla
A música que emociona...
O sangue que escorre,
Ainda tão vermelho vivo.
No poema
que nunca é o ultimo.
E se torna
sempre o primeiro.






Sarah Moustafa



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