Perdidos- parte I
Estar no limbo da acção entre o passado e o futuro, desnorteia.
Perde-se esse norte de tal forma que bússola alguma poderá dar o mínimo indicio de uma localização certa.
A esse fenómeno baptizamos de Perdido.
Estar perdido é estar em alvoroço com tudo a nossa volta, toda a paisagem circundante, e sobretudo com connosco mesmo.
É a primeira grande etapa de um processo de renovação, que muitas vezes só lá no fim da jornada, nos apercebemos da dimensão apoteótica de algo que tão subtil se apresenta.
Quando nos perdemos activamos a desfragmentação.
Tudo aquilo que pomos em causa, que pomos em jubilo, que ousamos tomar como certo, tudo altera.
Esta situação desbrava a selva mais fundo, com menor temor e uma grande urgência de voltar para casa.
Mas voltar a casa não representa voltar ao lar ou voltar a residência concreta e material.
Voltar a casa é voltar ao núcleo ,soterrado na vida mundana, que nos aguarda sempre, paciente, pelo regresso de uma criança perdida, mutilada, que se tornou grande antes de crescer.
Primariamente , quando perdidos, resistimos a tudo o que nos convença a ficar no trilho desconhecido. Resistimos a todos os sinais.
Voltamos atrás constantemente, fechamos os olhos querendo acreditar que alguém em breve nos tirará dali, aguardamos.
Quando a espera se abate infrutífera forçamo-nos a levantar, com os sobejos de uma força que desconhecíamos possuir, erguemo-nos e partimos em busca de alimento, de abrigo, de uma forma de nos mantermos vivos.
Esta busca é mais que um instinto de sobrevivência, é uma necessidade, um bichinho latente de precisarmos de fazer mais do que o básico.
É um atender ao grande propósito, que só nesta fase de silencio, conseguimos ouvir.
Sarah Moustafa
Olá Sarah!
ResponderEliminarTenho lido suas publicações porém não comentado..o tempo que disponho na net ficou muito reduzido...e justamente por ter passado por esta fase do "perdido" novamente. Ao me reinventar ficou claro que precisava urgente de movimento...
Mas como estás no meu blog, estou sempre atenta!
Gosto muito de te ler.
Beijos
Astrid Annabelle