Repertório da Lua #9



Estico os braços , espreguiço-me , bocejo , luto contra o desejo de me reclinar no luxo preguiçoso.
A conformidade e a gratidão são irmãs que se confundem gêmeas e atiram-me areia para os olhos.
Não sei estar quieta no entanto quero adormecer nos lençóis dos sonhos onde é tão mais fácil viver.
Preciso realizar , deitar para fora as torrentes de visões que me assaltam a sanidade mental e se dizem ecos espirituais  , deslindar propósitos de despropósitos e quiçá encontrar uma saída do labirinto da existência.
Mas não me apetece assumir o compromisso responsável que Saturno nos meus dedos acarreta.
O lorde está de joelhos há anos com um anel de noivado nas mãos , há espera que o torne legitimo.
Fujo .
Preciso pensar.
Esta histeria entre poemas e profetas desassossega-me , quero passear nas praias desertas banhadas de ondulações selvagens que me completam no rebuliço de natureza indomável.
Não tenho emenda.
Não tenho emenda.
Não tenho emenda .
E dizem ... Ainda bem ! Precisamos que trilhes o caminho das lendas , dos mitos , dos deuses , do espetacular cunho da criação improvável .
Eu sei mas...
Eu sei mas...
Eu sei mas...

Tá calada.

Faz!
E assina por baixo .

Só precisas do teu nome.



Pedro Abrunhosa -  Fazer o que ainda não foi feito .




Sarah Moustafa

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