Repertório da Lua #15





Não gosto dos fins de semana.
Pois os fins de semana ainda são teus.
E não tenho saúde para que ainda te pertençam .
Desvaneço no reflexo dessa água, onde espreitas aos poucos , quando dizes estar de olhos fechados.
Recordam-me do flutuar dos barcos que me recebiam com mensagens engraçadas ,
tentavas aliciar-me com as tuas piadas , muito mal pensadas, e eu não sabia como não sorrir para elas.
Fazias me corar com beijos demorados em público  , corríamos pelas ruas da vila decoradas de gargalhadas , compravas flores só para as atirarmos ao mar , cairmos com e elas e adentrarmos a essência da estação .
Dizias .... Vai valer a pena !
Mas só tu voltaste a superficie.
Consentiste para com o meu afogamento .
Estragaste-me o Verão que só sobrevive na alma e não chega para iluminar dias.
São brasas e inferno do mundo velho sempre em chamas e eu sem poder respirar.
Não valeu por nada .
Só fogo e água .
São dois moribundos com corpos que não se decompõem e derramamento de sangue eterno neste papel.
Estou tão farta deste papel.
De ti.
De mim.
Não gosto de fins de semana.
Estou farta.
Vou construir o meu próprio calendário e criar os dias á imagem do que foi  me sendo roubado.
Tempo , Saúde e Sanidade.
Amanhã é sábado e devia ir visitar-te.
Não tenho paciência para me lembrar que é sábado , que me manchaste partes da vida irrecuperáveis, que me tiras tanto tempo e que eu ainda te amo.
Entro no autocarro só para sair dele a correr .
Não gosto disto .
Não.
Porque o fizeste assim ?
Bloqueio, enfim.
Números que se apagam nos dígitos que não saberei voltar a marcar.
Bloquei tudo.
Finalmente .
Falta a m***** da memória.

Como se faz ?

Digam-me rápido.





Matt Maeson - Cringe



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