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Quando me apercebi da verdade,
a presença sedutora do teu fantasma,
a certeza da tua morte,
e de um coração que parou
eu não cheguei tempo de o reanimar,
era tão tarde.
Quando me apercebi ,
de que a mentira ,também, sou eu
porque os teus olhos estavam fechados,
e a tua alma entregue a outro lado,
quis trazer-te á força e segurar-te
nos tentáculos da minha doença.
era tão tarde.
Quando a realidade me esbofeteou ,
todo o meu mundo parou,
a promessa de outro futuro eclipsou-se ,
quis desistir de mim,
ninguém é de ninguém,
mas fizeste me sentir que sim
deitados numa ultima memória ,
na praia extensa dos nossos segredos,
e nos lábios sujos de areia,
calamos
um último beijo.
Já era tarde aí,
tão tarde,
Mas o Sol
brilhava tão mais quente,
que qualquer outro dia,
e uma paixão tão intensa ,
núcleo de uma estrela de fogo,
não acaba assim.
Quando todas as luzes se apagaram,
e o teu corpo sumiu em cinzas,
das labaredas que não mais vi,
percebi que podia sim,
sem mistério,
que simplesmente,
podia ,
era posivel,
certo ,
deixares de gostar de mim.
E eu aceitei,
tarde,
muito tarde,
a simples e cruel resposta,
que me torna humana,
emaranhada no nó da rejeição,
o complexo caminho do perdão ,
os passos longos
na realidade de uma paixão solitária.
O inferno é moradia,
e o amor uma fogueira onde todos ardemos.
E fica sempre tarde.
tão tarde,
sempre.
Sarah Moustafa
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