Maldição
Deves odiar mesmo o gosto que te deixei ,
a mudança de hálito ,
de convicção,
de apetite,
ou a vitória amarga,
de uma derrota que será sempre tua.
Porque ganhas com a minha partida,
a fragilidade que expõe
a estranha mulher em que me tornei.
porque pisas em cima
do que eu passo dias a tentar oferecer-te.
e nunca nada está bem...
Ganhas a fotografia de família feliz,
mas não és feliz.
eu fico destroçada,
porque não dás oportunidade,
a nossa mútua paz.
( ainda achas que é só tua )
Mas perdes em absoluto.
Nunca mais me vais ver,
sabendo que eu tentei,
e o teu arrependimento
serão rugas vincadas,
no envelhecimento do teu espírito ,
na impotência do teu desejo,
de enfrentares a sombra,
que não criei ,
amei,
amei,
amei,
Deves odiar mesmo ,
o sabor que deixei
a ti mesmo ,
amaldiçoar o dia,
que cedeste a tentação ,
e quiseste ter mais olhos que barriga.
Porque seria sempre demais,
inadequada,
bem f**** mas desregrada ,
porque não me saberias amar, fora da linha.
porque não terias tempo para esperar,
porque só tu tens uma vida,
e os afectos um cronometro
seria uma inconveniência,
ou porque não terias um bom par deles,
para olhares ,
para a perdição da minha presença,
e dizeres , não dá.
ódio,
de ti mesmo ,
chacina a imagem do meu fantasma ,
e confunde-o contigo,
dá-lhe o meu nome.
faz tudo que te deixar bem
guardado na redoma do medo.
perdeste. perdeste . perdeste.
perdeste.perdeste,perdeste,
Eu era a maricas mas escolhi
arrombar portas ,
da verdade do nosso amor,
mesmo para na recta final,
descobrir que se calhar ,
é só meu.
Humedeço os lábios,
a minha língua não se enrola,
e a vontade não mente.
ganhei.
Sarah Moustafa
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