A velha, nova, história .



Sentindo que sim, sem espaço para poder acontecer.
Como se a teimosia ditasse o resultado das minhas afirmações.
Como se houvesse verdadeira escolha nas partes que não dependem de mim.
Se tudo dependesse, estaria tão mal.
Sou a minha inimiga, o meu carrasco maior.
Nas escolhas que faço onde não devo e nas que deixo de fazer por medo, culpa e ressentimento.
Chegou uma novidade mas a velha história não parte.
Não parte nunca, pois não conheço o sentido tão necessário e saudável de uma despedida.
Seguro. Retenho. Reservo.
O mal, o bem , as partes que me compõe a incerta certeza que algum dia a memoria cada vez mais longínqua foi real.
Restam-me sempre as palavras e a neblina num cigarro de uma noite reanimada.
Restam-me sempre as gavetas, o baú, as divisórias que tentam mas não separam nada.
O que é um ex?
Senão um extra sempre na bagagem, na linguagem, parte de nós para qualquer nova viagem.
Que deixa de ser, continuando a ser.
Gosto de pensar que não me proíbo a felicidade mas antes que a limito em prol do egoísmo de não me querer largar do que um dia foi querido e vivido como um para sempre.
Talvez o para sempre seja isto, a venenosidade de todos os dias.
Todos os dias.
Todos.
Que sempre algo muda, sem nada mudar.
Sinto que sim, chegou ou está a  chegar.
Mas a nova história é  um eco da glória que não é, não foi e nunca será.

E sei lá eu... me entregar.




























Sarah Moustafa 

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