O Baile de Máscaras - I






Na dissonância da melodia partes em busca do baile, um baile que se ajuste a tua medida, um baile repleto de tons dourados e gargalhadas burlescas, onde te atreves a ser quem mais almejas ser, uma imensidão de personas livres e despreocupadas com as consequências dos seus actos tresloucados, pois por apenas uma noite, atrevem se a personificar o auge da luxuria.
Os adereços luxuosos cobrem-te a silhueta e de imediato a leviandade toma conta do corpo , que sem opção, se vê entregue á imponderação de quem o possui.
No toque final, a mascara veneziana enlaça o rosto, numa comunhão quase literal á tez aveludada.
Fitas-te ao espelho e o reflexo engrandece-te o ego, no entanto, a tristeza paira no semblante a que forças a modificação.
Nas profundezas do teu ser gritas por redenção, a menina que outrora abandonaste, insurge-se contra  a mulher despótica que te transformas-te.
As memorias longínquas da inocência que te banhava, pesa-te no coração, mas sabes que o negrume, por mais que te forces a encobrir em boas acções e composturas socialmente correctas, ascenderá para colectar uma divida eternizada no buraco negro do teu coração.
O negrume ascenderá esta noite, sussurrará o seu dialecto encaminhando-te no trilho da tentação.
A sua marca divina está nessa mascara perfeitamente esculpida ás belas feições.
A Inocência desespera, O Maquiavélico aplaude.
Esta noite partes em busca de ti, partes em busca do néctar da essência divina.
Partes em busca das notas que carecem na melodia.


Sarah Moustafa

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