Home (less)
Havia um castelo de cartas construído sobre a sua vida.
E ela não olhava para esta construção com medo.
Afinal se esse é o chão que lhe foi dado, que importa em que ponto deixou de haver telhado ?
Havia sempre céu.
Sempre azul e noite.
Estrelas e chuva com que não se aborrecer.
Não há que chorar pela realidade que nos rodeia se não conhecemos outra.
E sim.
Havia sussurros que falam de uma longínqua história em que havia sempre uma casa.
Havia sempre uma mãe e um pai e umas paredes firmes com que contar.
Havia sempre colo e leite morno para acalmar as horas menos doces.
Sobretudo não existia a preocupação de algo desabar.
Isto intrigava-a mas era lenda.
Nem sabia se era sonho a sonhar.
Aprendeu a amar o desconforto e a solidão e a encontrar neles os pontos por onde se orientar.
Podia tirar e por cartas onde quisesse.
Podia viajar e conhecer as virtudes que o nomadismo têm.
Podia jogar com a sorte e ganhar sempre mesmo quando perdia, porque era só ela e o mundo longe de si.
E vá lá... Vivia num castelo!
Não podia ser assim tão mau se era diferente e todos os outros iguais.
A curiosidade era forte, agarrou no baralho e fez se a estrada da tal lenda.
E descobriu que era verdade.
Só que não a sua.
E que mesmo os sinónimos não se aproximam de todo da essência dos seus semelhantes.
E que casa não é o espaço senão o tempo que alma demora a criar.
Porque as raízes estão e sempre estiveram no lugar de onde deviam de estar.
E que se o castelo é de cartas é porque só assim ela saberia por onde procurar a mensagem que está destinada a contar.
A casa é onde ela estiver.
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