Repertório da Lua #28



quando me disseram que gostavas de mim, que amoleci a pedra que revestia o teu peito sem te deixar sentir , que o ciume ardido e silencioso cegava te os olhos de uma doença que não se entende,
eu respondi , como assim ?
quando me disseram que era menina dos teus sonhos , coração e braços de papel , e um verdadeiro grande amor ...
eu gritei , como assim ?
quando me disseram que a tua fuga foi birra motivada por um capricho de Homem sem ego e me trocaste como uma moeda sem valor ,
eu rasguei as fotografias da tua memoria e em negação insisti , como assim ?
quando me disseram que foste influenciado por vozes externas e aquela suprema , a do medo, sem me conseguires enquadrar na tua realidade perfeita,
eu suspirei exausta , como assim ?
quando me disseram que a ponte dos anos que nos separava entre a juventude e o amadurecimento afinal te afectava , que entendeste que erraste mas que a tua boca continuaria túmulo cerrado de orgulho,
eu estremeci engolida para dentro do abismo de todas as tuas mentiras , escrevi  as escuras em bilhetes vários , como assim ?
quando me disseram que partilhavas a agonia do espelho e choravas e que as minhas palavras mexem contigo como o poder sobrenatural da Lua que afecta as marés.
eu calei-me entregue ao vácuo que cabe num simples...

Porquê ?




                                 

                                Daughtry - What About Now 



Sarah Moustafa



Comentários

  1. Existem perguntas para as quais nunca encontraremos a resposta. Existindo outras, para as quais julgamos não ter resposta, pelo simples facto de não as querermos aceitar. Mas, no fundo, elas residem na sanidade da nossa mente. Sabemo-las, mas (ainda) queremos que a resposta seja outra.
    Existem pessoas que não são de todo quem nós pensamos ser, ou ter conhecido. Bons actores, movidos pelo "desafio" de conseguir o que querem, quando querem, iludibriando os corações mais simples e bondosos de tal forma que julgamos aficadamebte que gostam de nos. Mas... porque ha sempre um mas, se juntarmos as peças percebemos que somos só mais um piao na jogada de mestre.
    Sou eu, és tu, são tantas mais... uma crueldade vinda de um coração de pedra e de sentimentos rasos. Sabe-lhe bem, durante um tempo, beber de tudo quanto uma alma pura e honesta e mente inteligente lhe dá. Depois, e porque o apego não assiste a quem não sabe o que é amor, procura mais aqui e ali, mantendo sempre "na mao" a fonte anterior. E doença. É disturbio. E jamais, nós poderemos deixar consumir pelo mal que nos fizeram. Que culpa? Se os sentimentos foram sinceros?
    Nesse jogo do toca e foge quantas somos?
    Olha por ti. Pensa no que realmente mereces e no que não queres de todo para a tua vida. Não te castigues por ter dado amor. Não te castigues por nao o teres recebido. Mantém presente que fizeste o que era certo para ti e em ti. Mas agora que sabes e compreendes, se juntares as pecas soltas de um puzzle desdenhoso, que esse homem não é quem pensavas, gosta ainda mais de ti e sorri!
    Arrisco dizer: ele nunca vai ser feliz e chega o dia em que não consegue esconder tanta patranha. Eu sou so mais uma, tal como tu... e quantas mais. Há pessoas que não existem, se não no que pensámos ser. Sorri.

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