Sobre a Lua #5



Não gosto que me cobrem pelo que não dão , sopa de grão e de quem sofre de diarreia verbal.
Não gosto de personalidades vingativas , do olho por olho e banhos de sangue .
Não gosto de frio , do desatino da minha cabeça e jogos com resultados viciados .
Não gosto da tua fuga, que me espelhes tanto e não poder trazer-te para o mundo que construiste dentro de mim.
Não gosto de ataques de pânico e ser refém de um medo que me impede de viver por inteiro.
Não gosto da preguiça que se alastra quando é imperativo que esteja em cima do acontecimento , de ter as rédeas e o comando da minha vida em mãos ,  pois tal implica que seja aquilo que nasci para ser,  Number 1.
.Não gosto de desafiar as leis universais , querer também ser eu Deus e não aceitar nada que ele me tira .
Não gosto da força do apego e como esta me domina , me espanca e eu deixo, quieta.
Não gosto de não saber pedir ajuda e ouvir sábios conselhos , de ser inflexível quando devia ser mansa e ser permissiva quando devia manter pulso firme.
Não gosto de não pensar no amanhã , de não me importar com o "futuro" , a crise , os créditos e os credos, de me manter sempre na corda bamba , no risco que a falta de plano evoca.
Não gosto da distância , de estar muito tempo longe do mar pois isso implica estar muito tempo longe de ti.
Não gosto da mentalidade provinciana , da mulher princesinha e do homem machão .
Não gosto de viagens demoradas e encontros apressados , de ser tanto censurada como aplaudida,  pela verdade da minha opinião .
Não gosto de não saber receber amor mas exigir que este me seja dado , de não olhar as pessoas nos olhos e de famílias desfeitas .
Não gosto de não saber falar todas as línguas e de não seguir no meu anseio de aprender tudo o que existe para aprender.
Não gosto de desperdiçar tanto tempo á espera.
De ti , dele e qualquer outro, de achar que preciso de um companheiro para ser feliz .
Não gosto nada quando o Sol se esconde por trás das nuvens, querendo brincar ao apanha-me se puderes , de chorar quando penso em ti e manchar a roupa , as paginas  e todas as tentativas de mudar .
Não gosto de não me cansar de repetir o mesmo erro , de que sejas um e que apenas tu conheças a verdade de quem sou e que me desejes por ela.
A verdade, no meio de tantas mentiras .
Não gosto nada que me vejas assim e de não saber o que escrever como fim.
Não gosto de pausas e reticências embora eu também seja como elas ... indefinida e interminável.

Não gosto de mim sem ti.

Não.


























Sarah Moustafa

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