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O que eu tenho
qualquer outro poderia ter ,
largo das mãos a posse de valores
a necessidade de me encher
de ouro , vaidade e outro clamor
Sou da pele e do osso
dos pés sujos
e do vestido por remendar,
manchado de descuido
cansado de estrada ,
de dança na existência boémia ,
que se move como a ondulação
desse oceano que se torna poema,
o ranger de dentes ,
o palpitar de coração
o dedilhar de palavras
sopro de estrelas ,
cântico de vozes profetas ,
O que eu tenho ,
de beleza , de apoio , de sorte
de tecto , de comida , de carteira
e joias polidas guardadas
na caixa de música dos meus segredos ,
qualquer outro pode ter
arrancar da minha distração
roubar da minha entrega ,
esvaziar-me de matéria
rasgar-me de volta ao éter ,
Mas o que eu sou ,
Mais ninguém pode ser .
A essência da alma
O exercício do espirito
A respiração da mente
O caminho do corpo,
esse não se forja,
reproduz , calunia
repete , encena-se
sequer tenta-se ,
esse Ser que eu sou ,
tu não podes e não queres Ser
Tira-me ,
esse império do Homem,
pois é tudo quanto podes
tomar.
Sarah Moustafa
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