A Lua e o Mercúrio


Temo, muitas vezes,ser mal interpretada com o que escrevo.
Temo despir-me em palavras e convidar todos os dias estranhos para dentro desta minha casa.
Temo que me levem á letra , que o julgamento, a partir dos sentimentos que destilo, se confunda com uma percepção longínqua daquela que pretendo.
Escrever é uma catarse , uma purga , que exorciza alguns demônios e acende luzinhas nos espaços precisados .
Mas faze-lo também é descobrir-me diariamente , ás vezes só depois de o fazer sei o que penso .
Viver com sentimentos á flor da pele não ajuda muito , suponho, pois esse rebuliço de subjetividade vinca-me as páginas :)
Logo textos , poemas e devaneios certinhos e limpinhos nunca vão aqui encontrar.
Quem me conhece sabe bem .
Ás vezes perguntam-me , mas porque não escreves num caderno e resguardas-te de mais problemas ?
Well... porque eu acho que o nosso caminho em vida e as experiências adjacentes , não se devem esconder, devem sim partilhar-se.
Seja porque tu sentes que tens excesso de pensamentos , ideias, duvidas, observações que precisas de canalizar  e  para poderes aliviar um pouco da intensidade, drama e afins com que vives.
Seja porque te sentes só no Mundo , porque queres usar a tua voz , ou porque te permite sentir mais perto da eternidade.
Não nos devemos tapar com véus , passar corretor nas partes que nos assustam ou envergonham , porque com muitos episódios tristes , e tantos outros felizes, as nossas histórias são merecedoras , todas se equacionam a um resultado , que emociona.
Elas são o pano de fundo inteligentíssimo que nos interligam .
Não arrumes papéis na gaveta , não deixes os pincéis secarem  , não pares de trabalhar nessa bela sinfonia , não pares de ensinar, não desistas dos teus hobbies , da tua vocação , do teu chamamento por medo da rejeição e da falha.
Pois mesmo que falhes, e que te rejeitem , outros  te consagrarão campeão e te acolherão nas mesmas asas da admiração.
Não desistas dos teus sonhos , pois não são só teus, são de todos.
Todos aqueles que precisam de ti e da mensagem da tua obra.
Escrever nos piores dias , dói muito, traz uma avalanche demolidora para alguém que se considera em permanente construção, leva-me para demasiado perto do limite e  faz-me desacreditar da validade de tudo o que faço.
Mas nos melhores, é o único escudo que preciso e a arma mais valiosa que me engrandece de amor e gratidão por ser capaz de o fazer e de me reler com um sorriso nos lábios.
Traz-me um misto estranho de calma e excitação , de humildade mas também de regalo.
Pois eu sou especial!
E tu desse lado achas mesmo que não éS?
ÉS.

Acredita, estou (quase) sempre certa. 
























Sarah Moustafa

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