Eros- II


Só porque as tuas mãos
me despem devagar,
e os teus dedos brincam
como se fosse o teu puzzle preferido
e aquele que queres montar
trazes-me amoras e bagos de romã
que me tingem os lábios
e se desfazem escorregadios
tal seiva ou luxuria de sangue
de que me queres alimentar.

Sussurras que te devia agradecer,
porque te preocupas
com o meu corpo escanzelado
quando não lhe trazes
O que comer .
Em mãos ignorantes alheias
achas que não posso sobreviver .

E só porque sentes os ossos
sobressaídos na pele
enquanto os beijas
sem cuidado
só para me aleijar
e confirmar
que não existem enganos.
Aproximas-te entorpecido
com o odor da minha doença
e juras
Que me auxilias
nos lençóis sujos
apenas para me ajudares .

Devia por me de joelhos
e ser grata
porque me dás esmola
e favoreces-me
na tragédia que é
Ser tua Mulher,
Queres dar-me
roupa,
comida
e alma
conspurcada.
E nunca fizeste tanto por ninguém !

Copias as minhas letras,
e escreve-las nos votos
do teu plágio.
Afinal amor com amor
se paga.
Espalhas pétalas pretas
Da cama ao altar
para onde devem ir
Os que se destroem de paixão
e acabam mortos,
velados no castigo
do fogo da eternidade !

Eu disse sim,
para poder ter
as páginas desta história
sempre bem abertas ,
á espera das tuas ideias ,
De como torna-la
menos saborosa,
e bem mais feia.

Talvez se nos esforçarmos ela não tenha mais como nos tentar.





Sarah Moustafa


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