Knock, Knock



Lá vens tu, de vez em quando , em jeito de aparição desassossegar me com o teu sorriso devasso.
Aquele que me confunde , entre querer dar te um par de estalos ou celebrar contigo a audácia de ser .
Lá vens tu vestido de calções desbotados e mãos soltas ao vento procurando encontrar me nas paginas do tempo .
Não sei se andas para trás , rewind , ou se mostras o sentido do que está para a frente.
Estou a sonhar e tu nao ajudas , acorda me lá vá, acorda me..... hey ... onde foste ??
Evades-te com o truque de mago , o predilecto , que espalha o curioso perfume do teu jeito estranho de amar.
Da próxima vez que surgires vou fazer questão de mostrar a minha desaprovação , vou negar devolver te o beijo ardiloso e passo te a perna para que caias na tua própria armadilha.
Vou regozijar quando me implorares que te liberte  e soltar  gargalhadas , tão fortes como abanões que sacodem a terra, e mostrar te que apesar de seres assim... um tumulto desastroso,  fazes me feliz.
Lá vens tu dizer me que estás orgulhoso da mulher em que me torno todos os dias , especialmente daqueles em que não estás , pois significa que já começo a ser mais independente , e que me queres ver sempre assim... garrida de cor e alegria no rosto ( já mostras os dentes nas fotografias ???)
Lá vens tu  provocar me o espírito e apertar-me o coração de saudade.
Lá  vou eu de malas na mão , caminhando sem saber para onde ...e tu aguardas me a porta de uma casa caricata , vamos ter que falar sobre as tuas escolhas de decor , tu e as nossas crianças livres , lindas e mal comportadas.
Tiramos uma fotografia de família lamechas e ficas com o olhar suspenso na beleza do entardecer.
O céu pinta-se de cores tao quentes que parece pingar vestígios de emoções , concluímos que são lágrimas de arte assustada... com tudo aquilo que nao consegue gerir.
Deito a cabeça no teu peito e deixo o embalo da cadeira de baloiço segurar -me até que o sol se ponha por completo e nos devolva a escuridão  .
Nos teus braços o barulho do mundo pára.
Lá vens tu , de vez em quando , dar me colo e presentes que se transformam em palavras
m i m a d a s.
Lá vens tu , do teu mundo colidir com o meu e torturar me com as imagens do ir*real.


Maldição esta de adormecer , sonhar e ter que acordar.
Maldição.



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